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We’re Not Done Yet — Seleção de Sundance Curta Metragem

  • Fernando Gomes
  • 23 de jan.
  • 2 min de leitura

Amigos de longa data Sofia Camargo e Joseph Longo não são novatos no quesito de co-direção. A dupla, que se conheceu na faculdade de cinema de Nova Iorque, já havia produzido outros projetos juntos e, inclusive, recebido prêmios e reconhecimento por eles. Aqui, porém, vemos o projeto mais pessoal deles, dado que é escrito, dirigido e atuado pelo próprio Joseph Longo, que contracena com sua mãe, Barbara Sukowa.




Nessa história, acompanhamos Alex, um jovem adulto que vai visitar sua recém-solteira mãe na casa de praia da família. Essa visita se torna conturbada quando Alex tem que confrontar a forma como sua mãe vem aproveitando sua própria liberdade. Seja recaindo em antigos vícios, novos romances ou buscando algo que excite a vida dela, como uma adoção, por exemplo, as suas ações vão lentamente levando Alex a confrontar o quão controlador ele é e a refletir sobre essa codependência afetiva que possui.

We’re Not Done Yet é nitidamente um assunto pessoal para o diretor e ator, transparecendo com clareza suas próprias reflexões sobre seu relacionamento com sua mãe. Tudo isso, na verdade, não passa de uma transição em que ocorre uma ruptura nessa visão sobre nossos próprios pais — de seres infalíveis para seres humanos. Enxergar essa falibilidade e humanidade é algo difícil, ainda mais para alguém que tem uma necessidade de controle tão grande. Afinal, o grande conflito do curta vem da necessidade de Alex de que sua mãe viva a vida da forma como ele enxerga que ela deve viver, forçando ao máximo para que isso ocorra, enquanto sua mãe busca se libertar de alguns papéis que não precisa mais desempenhar.


A atuação do filme é sólida, mas Joseph Longo parece muito mais confortável por trás das câmeras do que em frente a elas. Isso fica nítido em certos momentos em que o texto, mesmo que fluido, sofre com entregas não tão naturais. Porém, ainda há momentos de entrega e naturalidade que parecem advir mais da intimidade dele e de Barbara Sukowa como mãe e filho do que como atores.


Onde o filme verdadeiramente brilha é na cinematografia e direção. A escolha de gravar em filme instantaneamente concede ao curta uma textura que emula fitas antigas e também uma sensação de nostalgia e memórias pessoais, que parecem um álbum de fotos particular. A composição das cenas, que fogem do tradicional plano e contraplano, é excelente e elucidam a qualidade técnica da premiada dupla. Porém, este curta sobre reconexão poderia ter se aprofundado mais no que afastou e eventualmente reconectou nossos protagonistas.

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