Presença
- Diego Nicolau
- 14 de mar.
- 2 min de leitura
O cinema de terror tem explorado cada vez mais perspectivas inusitadas para contar suas histórias. Presença segue essa linha ao nos colocar no ponto de vista do próprio fantasma, utilizando uma câmera em primeira pessoa para nos fazer enxergar, sentir e interagir com o espaço da mesma forma que a entidade.
Natureza Violenta (2023), usou um conceito semelhante ao nos colocar na perspectiva de um serial killer. Assim como aquele filme, Presença se apoia na originalidade de sua proposta, mas nem sempre consegue transformar essa ideia em uma experiência totalmente envolvente.
Desde seu lançamento em outros mercados, Presença gerou certa frustração entre o público, principalmente por causa da forma como foi vendido. A promessa de um “terror aterrorizante” não se cumpre, e quem espera uma experiência intensa pode se decepcionar. Esse tipo de estratégia de marketing não é novidade no gênero e, muitas vezes, prejudica a recepção de filmes que, apesar de interessantes, não entregam exatamente o que foi anunciado.
Na prática, Presença está muito mais próximo de um drama existencial do que de um filme de terror convencional. Sua atmosfera lembra Ghost Story (2017), onde o foco não está em sustos ou cenas chocantes, mas na imersão emocional na jornada da entidade. O filme nos faz compreender seus sentimentos e pensamentos exclusivamente através de sua perspectiva e ações, sem diálogos ou grandes explicações.
Embora a premissa seja instigante, Presença carece de elementos que o tornem memorável. A narrativa se mantém fiel ao ponto de vista do fantasma, mas isso acaba limitando o desenvolvimento dos personagens humanos e enfraquecendo as reviravoltas da trama. Sem um envolvimento emocional mais profundo, o filme se torna apenas uma experiência curiosa, mas pouco impactante.
No fim, Presença vale pela proposta diferente e pela tentativa de reinventar o olhar sobre histórias de assombração. Mas falta algo para que essa ideia se transforme em um filme realmente marcante. É uma experiência interessante, mas que dificilmente ficará na memória do espectador por muito tempo. Nota: 6.0/10
Comments