Oh, Hi! — Seleção Sundance ESTRÉIAS
- Fernando Gomes
- 5 de fev.
- 2 min de leitura

Uma mulher “louca” e um cara “babaca” combinam um date de viagem que desanda abruptamente após algumas revelações sobre o relacionamento. Uma premissa tão geral que qualquer ser humano vai se identificar — seja por ser, ou por conhecer, um suposto babaca e uma suposta louca. Adjetivos que se tornaram, basicamente, o padrão para definir qualquer pessoa que frustre as expectativas amorosas que temos. Só que, em Oh, Hi!, esses estereótipos são obviamente explorados em sua literalidade.
A melhor descrição para o filme é que ele é uma anti-comédia romântica. Com pitadas de Misery (1990), Apenas Duas Noites (2014) e um leve toque de besteirol, eu me apaixonei imediatamente pelo filme. O elenco, composto por Molly Gordon, Logan Lerman, Geraldine Viswanathan, David Cross e John Reynolds, é dirigido com foco e clareza por Sophie Brooks em uma aventura hilária que derrapa na segunda metade, mas impressiona em sua totalidade.
Não é exagero dizer que a primeira hora de Oh, Hi! é uma das minhas favoritas do cinema. Molly Gordon e Logan Lerman estão impecáveis em seus personagens; a química entre eles parece transbordar pela tela. Isso traz uma vulnerabilidade, charme e carisma acentuados por personagens bem escritos e reais. E é nesses momentos de intimidade e isolamento, onde só existem os dois no filme, que o longa é genial.
A segunda metade abandona essa linha direta de interação entre os protagonistas, deixando para trás o magnetismo entre eles e optando por substituir o humor inteligente — que parece um grande flerte — por um humor mais absurdo. O tom do filme, assim como a qualidade das piadas, muda abruptamente, mesmo com comediantes excelentes como David Cross e Geraldine Viswanathan dando todo o suporte possível. John Reynolds também chama atenção com um personagem socialmente atípico e um ótimo timing de comédia, sustentando Logan Lerman em vários momentos.
É um filme que foge do padrão ao abordar comunicação aberta, expectativas e como, em um mundo superficial, fazer o mínimo às vezes parece amor. Ou sobre como a carência enxerga amor onde não há e busca validação própria através do amor de outra pessoa. Esse é um filme inteligente, reflexivo e com um pulso no zeitgeist cultural como poucos outros.
Uma das minhas experiências favoritas em Sundance e um sucesso absoluto de audiência. Algo que me vejo revendo incontáveis vezes e indicando outras incontáveis vezes. O filme só é desigual demais em qualidade entre as duas metades e, pior que isso, abandona seus melhores elementos na segunda parte. Isso, infelizmente, dilui muito a qualidade geral do filme, mas, honestamente, a primeira metade mais do que compensa a segunda.
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